Consumo do medicamento só deve ser iniciado após avaliação de um ginecologista
O hábito da população brasileira de utilizar medicamentos sem a orientação de um médico pode trazer riscos à saúde. No Brasil, pelo menos 35% dos remédios são adquiridos sem prescrição de um especialista, incluindo as pílulas anticoncepcionais. Segundo estimativas, cerca de 11 milhões de brasileiras utilizam as pílulasanticoncepcionais não apenas como contraceptivo, mas também para tratar miomas, endometrioses e outros problemas ginecológicos. Poucos sabem, no entanto, que o uso de contraceptivos pode ter contraindicações e apresentar riscos, quando usados inadequadamente.
Apesar de a pílula anticoncepcional ser segura e ser considerada um dos melhores métodos para evitar a gravidez, a avaliação prévia do paciente é fundamental. “Antes de adotar a pílula como método contraceptivo é indispensável procurar um ginecologista, pois existem no mercado diversos tipos de contraceptivos e o médico precisa avaliar o histórico de saúde do paciente para definir qual é o mais adequado para o caso”, diz o ginecologista Jorge Valente, diretor médico do CEPARH (Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana).
O cuidado deve ser adotado mesmo nos casos dos anticoncepcionais mais modernos, já que alguns estudos recentes vêm trazendo novas evidências que confirmam a ligação entre algumas drogas e um maior risco de trombose venosa e doenças cardiovasculares. “Essas notícias, inclusive, deixam muitas pacientes apreensivas, mas é preciso lembrar também que essas drogas são bastante seguras se usadas corretamente e com indicação médica”, explica Jorge Valente. “O médico deve definir qual a melhor medicação para cada paciente, a automedicação não deve acontecer em nenhuma hipótese”, reforça.
O especialista esclarece que a dose do estrogênio e o tipo de progestínico têm relação com o risco de trombose. “Quanto mais alta a dose de estrógeno, maior o risco. Já em relação aos progestínicos, os que oferecem mais perigo são os que possuem o hormônio drospirenona”, diz o especialista, acrescentando que a via de administração também influencia. “Estudos mais recentes mostram que a utilização pela via oral tem maior relação com trombose do que uso do anticoncepcional transdérmico (adesivo)”.
Mulheres acima de 35 anos, fumantes, portadoras de varizes e com predisposição a desenvolver a trombofilia devem redobrar os cuidados. “Não somente as trombofilias, mas alguns tipos de coagulopatias e outras doenças que alteram a coagulação do sangue do paciente também aumentam os riscos de trombose”, ressalta Jorge Valente.
Entretanto, o médico lembra que, quando utilizado sob a orientação de um médico e corretamente, as pílulas anticoncepcionais trazem uma série de benefícios à saúde. “Além de evitar a gravidez, eles podem ser usados no tratamento de algumas patologias como mioma, endometriose, entre outras doenças”.